Noves de l'accident: de moment, un mort (el revisor) i dos desapareguts
Font:
publico.pt
Dois ferroviários continuam desaparecidos no Tua
Corpo de uma das vítimas do acidente na Linha do Tua foi encontrado hoje
13.02.2007 - 08h58 Pedro Garcias
Foi encontrado esta manhã o corpo de um dos três desaparecidos no acidente de ontem na Linha do Tua. Continuam desparecidas duas pessoas.
O corpo encontrado, ainda por identificar, estava junto à composição, na margem esquerda do rio.
A Linha do Tua é um dos mais extraordinários percursos ferroviários do país, atravessando apertadas gargantas de granito e seguindo em paralelo com um rio que no Inverno se torna torrencial e se precipita para a foz em rápidos assustadores. É um troço de uma beleza dramática, um épico da construção ferroviária que desde a sua inauguração, em 27 de Setembro de 1887, nunca tinha provocado qualquer vítima mortal — pelo menos, não há memória de tal. Até ontem.
Um deslizamento de terras desencadeou uma avalancha de pedras que abalroou a locomotiva que seguia do Tua em direcção a Mirandela com cinco pessoas a bordo — dois passageiros e três funcionários ferroviários.
O acidente ocorreu a cerca de 7 Km da Estação do Tua, já perto do apeadeiro de Sta. Luzia, num dos trechos mais escarpados, monumentais e inóspitos de toda a linha. Os passageiros — dois jovens de 23 anos, Sara Raquel, enfermeira de Ervedosa do Douro (concelho de são João da Pesqueira) a estagiar no Hospital de Mirandela, e Rolando Barbosa, jovem 23 anos, que estuda em Mirandela — foram projectados do comboio, uma composição a diesel pertencente à Empresa Metro de Mirandela mas ao serviço da CP. Ficaram a meio da ravina, com uma pendente de quase 90 graus. Foi Sara Raquel quem ligou, através de telemóvel, para o 112, informando do acidente. Eram cerca das 18h30.
Quase quatro horas depois, os dois feridos foram resgatados de helicóptero, que tentou aterrar no Tua para os deixar no hospital de campanha instalado pelo INEM. Mas, por falta de visibilidade, a operação teve que ser abortada e os feridos tiveram que regressar a Carrazeda de Ansiães, para ser transportados de ambulância para o Tua. Por volta das 23h00, já estabilizados pelos médicos do INEM, foram novamente transportados de ambulância para Carrazeda de Ansiães, seguindo depois de helicóptero para Vila Real.
Caos marcou operação de socorro
A essa hora, ainda persistia o caos que marcou toda a operação de socorro, levado a cabo em condições de extrema dificuldade, mas com informações contraditórias a serem veiculadas por vários responsáveis directamente envolvidos, a começar pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paulo Vitorino, que informou o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano de que os cinco ocupantes do comboio já tinham sido localizados, dando-lhe a entender que estariam todos vivos. Ouvido pela TSF, o autarca fez eco desse optimismo, sem imaginar que a realidade era bem diferente.
Desde muito cedo que se sabia que a locomotiva estava semi-submersa no rio Tua, provavelmente com os três funcionários ferroviários no seu interior, mas ninguém arriscava qualquer informação — por descoordenação, prudência ou medo de errar. Só quando os choros dos familiares das vítimas começaram a ecoar pela estação do Tua se levantou o véu sobre a verdadeira dimensão da tragédia. Já passava da meia-noite quando uma equipa de mergulhadores de Mirandela se deslocou para o local do acidente, através de uma drezine (pequeno veículo ferroviário).
Mergulhadores de Macedo de Cavaleiros já lá tinham estado, mas não possuíam meios suficientes para entrar no interior da carruagem. As comportas da barragem de Mirandela tinha sido entretanto fechadas para fazer descer o nível do rio. Só por volta das 2h00, já com o rio mais baixo, é que um grupo de mergulhadores conseguiu entrar no comboio. Apesar da forte corrente do rio, passaram toda a carruagem a pente fino, mas não encontraram qualquer corpo. Durante a queda, de uma altura aproximada de 60 metros, os vidros do comboio partiram-se e o mais provável é que o embate tenha projectado para o rio os três funcionários rodoviários — o maquinista, um jovem de 24 anos natural de Mirandela; o revisor, natural do concelho de Lamego e que havia sido pai há cerca de três meses; e um funcionário da estação do Tua, natural de Vieiro (Vila Flor) e que se preparava para pedir a reforma antecipada.
Governo já anunciou abertura de inquérito
A Secretaria de Estado dos Transportes já anunciou a abertura de um inquérito, mas as conclusões parecem ser óbvias. O PÚBLICO esteve no local do acidente juntamente com vários técnicos da Refer e da CP e pôde constatar, pela presença de enormes pedregulhos no meio da linha, que o acidente deverá ter sido provocado por um abalroamento resultante de um deslizamento de terras.
Quinze minutos antes, a mesma composição dirigida pelo mesmo maquinista tinha passado por aquele local e a via estava completamente desimpedida. Apesar de se tratar de um troço sinuoso e perigoso, a linha tinha sido recentemente alvo de trabalhos de consolidação da plataforma e de electrificação de passagens de nível no montante de dois milhões de euros.
Acresce que o local do sinistro é antecedido de uma recta, curta mas ainda assim suficiente para permitir a travagem da composição, que naquele lugar não circula a mais de 35 quilómetros por hora. A verdadeira causa do acidente poderá estar nas fortes chuvas que caíram nos últimos dias e que saturaram os solos. A circunstância trágica é o deslizamento ter ocorrido precisamente no momento em que o comboio ia a passar. "Já tinha que ser", resumia José Silvano, o presidente da Câmara de Mirandela. O fim da Linha do Tua pode ter começado a ser traçado anteontem.
--------------------------------------------------------------------------------------
Buscas efectuadas durante o dia foram infrutíferas
Tua: automotora vai ser virada para tentar encontrar dois desaparecidos
13.02.2007 - 18h59 Lusa,
PUBLICO.PT
A carruagem que ontem caiu ao rio vai ser virada, para apurar se algum dos dois desaparecidos está dentro ou debaixo da composição, anunciou o governador civil de Bragança.
Jorge Gomes explicou que “os mergulhos efectuados no local até ao momento não foram conclusivos” sobre esta possibilidade, pelo que “amanhã de manhã” os técnicos vão tentar colocar a composição na vertical.
Segundo o responsável, que falava à TSF, a operação será conduzida pela Empresa de Manutenção Ferroviária (EMF) e os trabalhos vão começar logo que o material necessário, oriundo de Lisboa, chegue ao local.
Segundo a Lusa, a decisão foi tomada esta tarde, durante uma reunião entre a Protecção Civil, responsáveis autárquicos, o governador civil, a Refer e o Instituto Nacional de Transportes Ferroviários.
A TSF adianta que o perímetro das buscas foi também alargado, estendendo-se até ao rio Douro, onde o Tua desagua, uma vez que se admite que o maquinista e o funcionário da CP que seguiam a bordo tenham sido arrastados pelas águas.
Ao local continuam a chegar mais meios e as buscas deverão contar, a partir de amanhã com o apoio de “cães e especialistas”, que vão percorrer nos botes da Marinha as margens dos dois rios.
No local encontram-se já fuzileiros da Marinha especializados em buscas, efectivos da GNR, da Protecção Civil e de várias corporações de bombeiros da região, apoiados por equipas de mergulhadores.
Para hoje, o governador civil de Bragança garantiu que as buscas vão ser "prolongadas até ao limite", dependendo da visibilidade. Os trabalhos serão retomados o mais cedo possível na manhã de amanhã.
A remoção completa da composição é tida pelas autoridades no local como secundária, mas será feita após esta fase, em que o mais importante é "tranquilizar as famílias dos desaparecidos", adiantou Jorge Gomes.
A automotora, propriedade do Metro de Mirandela ao serviço da CP, descarrilou ontem ao final da tarde quando fazia a ligação entre a estação de Tua e aquela cidade, arrastando os cinco ocupantes por uma ravina com cerca de 60 metros.
Os dois passageiros foram projectados durante a queda e acabariam por ser resgatados ao início da noite, encontrando-se hospitalizados em Vila Real, fora de perigo. Esta manhã, pouco depois do reinício das buscas, as equipas de mergulhadores encontraram o corpo do revisor dentro da composição, permanecendo por localizar os outros dois ocupantes.
Ao que foi possível apurar, a automotora terá sido atingida por uma pedra de grande dimensão, quando passava por uma zona de grande declive, rodopiando antes de se precipitar na ravina.